quarta-feira, 23 de junho de 2010

Chula de guri para guri

Ouça o podcast.
O Movimento Tradicionalista Gaúcho é caracterizado por muitas apresentações artísticas: danças, gaita, violão, trovas, canto, declamações e a chula.
Com origem de Portugal e baseada na batida dos pés, a chula é uma dança biriva, caracterizada por ser exclusivamente masculina, podendo ser de dois ou mais sapateadores.
Douglas Rocha (foto abaixo),15 anos, conta-nos como é a dança da chula:


- Uma apresentação de chula é uma apresentação normal. A chula é um disputa por amores mas numa apresentação os chuleadores mostram suas habilidades para o público. Já em um concurso tu se prepara um bom tempo antes e dança: sete passos para cada peão e cada passo é avaliado de 0 a 10 com vários critérios de descontos, a musica é única para todos os chuleadores. Então, cada dançarino tem 12 compassos para mostrar suas habilidades. Seis compassos para ir e seis para voltar.
O guri sapateador comenta que a chula trouxe bastante benefícios para si, como dançar em grupo tornou-se mais fácil, mais resistência física e força nas pernas. Douglas salienta ainda:
- Na real, é um esporte.
Abaixo confira o Douglas e Leonardo em um desafio numa apresentação de chula, sem gaita, mas com muita beleza em gestos e sapateio:
A chula demonstra a alegria do peão e dita antigamente, como uma forma de conquistar amores, de desafiar guerreiros em batalhas, e continua sendo uma coreografia que representa a beleza de um sapateado proporcionando alegria ao público.
É cada vez mais comum crianças, adolescentes e jovens escolherem a chula para cultuar o Movimento Gaúcho, por ser uma dança individual e bonita, encanta a gurizada que conhece. Alexandre Klein Rodrigues, estudante de 15 anos, comenta que a chula proporciona uma superação de limites.
"Faz com que criamos auto-confiança que é um ponto culminante para que algo que se queira seja alcançado. É um momento único a cada apresentação, onde somente somos eu e meu adversário na sala, o resto do mundo para."
O sentimento evidenciado pelo guri sapeteador é dito por muitos chuleadores como a maior recompensa desta dança e pode ajudar muitos jovens a se conhecer melhor e ter um futuro construtivo.
Ao ser perguntado se a dança, a chula é uma forma de manter o jovem focado em algo construtivo, Alexandre responde:
- Com certeza, porque a dança no caso, é um momento de expressão onde libertamos sentimentos, temos variadas sensações, nos preparamos para um objetivo e nos esquecemos de coisas ruins que nos cercam hoje em dia.
Como Alexandre e Douglas, em plena juventude, aproveitam para conhecer mais sobre o tradicionalismo, conheça você também guri.
A chula é libertadora, emocionante e carrega consigo a herança do Gaúcho!
Para conhecer mais sobre a chula em concurso, veja aqui um vídeo do acervo de Douglas Rocha.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Perfil guri: Jean Diniz


O gurizadaon traz uma entrevista feita com Jean Diniz, um exemplo de guri que dedica a sua vida, além da faculdade, para o tradicionalismo.
Jean é na natural da cidade de Ijuí e atualmente reside em Santa Maria.
Confira a entrevista realizada no dia 10 de junho:


- Nome: Jean Diniz

-Idade: 21 anos

-Profissão: Estudante de Engenharia Elétrica

-Qual a idade que entraste para um CTG? 8 anos

-Como conheceu o CTG? Toda a família participava. Estava no sangue

-O que representa a ti o Movimento Tradicionalista Gaúcho? Para mim, o MTG é uma forma organizada de cultuar a tradição. Uma espécie de órgão supremo que coordena as atividades tradicionalistas e que tenta difundir e preservar os nossos usos e costumes.

- E como o tradicionalismo influencia a sua vida? De maneira muito positiva, principalmente no que diz respeito à formação de uma identidade cultural e da consolidação de valores. Muitos valores que tenho hoje eu aprendi e/ou pude praticar no meio tradicionalista, junto de grandes pessoas.

-Dançaste em invernada? Sim, nas invernadas mirim, juvenil e adulto do CTG Avô Maragato, na invernada juvenil do CTG Pompílio Silva e nas invernadas mirim e juvenil do CTG Clube Farroupilha

-És o atual vice campeão de chula do Enart e campeão em 2007 e 2008, como a chula entrou na sua vida? A chula veio por admiração. Numa iniciativa do CTG Avô Maragato, aulas de chula passaram a fazer parte das atividades do CTG. Mas apenas os guris da invernada juvenil podiam dançar. Eu era infanto juvenil e sempre admirei a dança da chula. Como me esforçava bastante nos ensaios. Quando alguns integrantes do grupo de chula desistiram, o coordenador me convidou, em setembro de 2000, e eu iniciei.

- Conte-nos um pouco da sua trajetória. Os primeiros passos foram difíceis porque eu não tinha facilidade. Certo dia, decidi parar. Mas voltei atrás e mudei a maneira de (tentar) aprender. E deu certo. No primeiro concurso errei 5 dos 7 passos. Então conheci o ENART em novembro de 2001. Ali criei um sonho: estar dançando entre os finalistas de chula do estado. A partir de então assistia a gravações de concursos e ia criando passos, pouco a pouco. Com o passar do tempo fui aperfeiçoando movimentos e passos. No ano de 2003 fui para o primeiro ENART e não passei a segunda fase. No ano de 2004 cheguei na primeira eliminatória da Final. Em 2005 realizei meu sonho e conquistei o segundo lugar. Então a meta passou a ser o Troféu de campeão. Este veio em 2007 com muita alegria e depois de muito trabalho, esforço e ensaio. Como havia errado em todas as finais das quais havia participado, criei uma nova meta: Não errar na final. E assim sendo, conquistei o segundo título em 2008, novamente muita alegria e gratidão. Em 2009 o objetivo era inovar. Então levei uma proposta diferente e conquistei o 2° lugar.

-Acreditas que a chula, a dança, enfim, o tradicionalismo é uma forma de manter o jovem focado em algo construtivo? Sim. Principalmente quando se inicia desde cedo. O trabalho em grupo, comprometimento, senso crítico, criatividade e desenvolvimento de habilidades motoras são exemplos de qualidades exercitadas no meio tradicionalista.

-Tens alguma experiência com o CTG que te faz acreditar na cultura gaúcha? Sim. A vivência nos centros de tradições é a maior experiência. Pois se vê que a cultura tem uma base forte e duradoura.

-O que mais lhe agrada nesse meio? As amizades conquistadas e os valores desenvolvidos.

Em uma palavra, o que representa a ti:

CTG: Convivência

Movimento Tradicionalista Gaúcho: Organização

Gurizada que cultua o tradicionalismo: Inteligente

Chula: Paixão

Enart: Realização

Para finalizar, Jean deixa um recado para o gurizadaon:

"Participe das atividades tradicionalistas quando tiver oportunidade. O aprendizado é muito grande e as amizades que nascem ali permanecem como a nossa cultura... Que ganha forças quando pessoas como você fazem ela acontecer."


A foto é do arquivo pessoal de Jean.

Para ter o contato com o chuleador, ver vídeos e conhecê-lo melhor acesse o seu orkut.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

A Prenda

Existem músicas, ditados, apelidos, frases, tudo em nome de uma palavra. No dicionário Aurélio a palavra prenda significa agrado, mimo, qualidade.
O significado em questão não é esse e sim a prenda caracterizada no Rio Grande do Sul: a mulher gaúcha, o par do peão.
O termo prenda surgiu no Rio Grande do Sul em 1948, quando é aprofundado o interesse por cultuar o tradicionalismo. Em 24 de abril de 1948 surge o 35 (o primeiro) CTG com o devido patrão, onde o associado ou participante era chamado de peão e a associada era chamada de prenda, o que designava respeito pela mulher gaúcha, uma jóia, um mimo.
Pode-se dizer que os significados de prenda se entrelaçam ao qualificar a mulher gaúcha, preocupada com a família, lutadora e assim uma jóia rara do seu peão.
Basicamente, a vestimenta de uma prenda é caracterizada por:
Vestido ou saia e blusa: mangas abaixo do cotovelo, podendo ser lisas ou um pouco franzidas. As prendas não devem exagerar no decote. A cor preta em concursos não é permitida por simbolizar o luto
Saia de armação: serve para dar movimento e armar o vestido, é usado por debaixo dele e deve ser branca
Bombachinha: serve como proteção na hora de rodear com o vestido e deve ser abaixo do joelho
Meia calça: deve ser branca e protege as pernas da prenda
Sapatilha: um sapatinho com um leve salto, pode ser preta, marrom ou pérola

No cabelo, as prendas mirins só podem usar fitas e cabelo solto, as prendas juvenis podem usar o cabelo semi-preso com arranjo ou fita e as adultas podem usá-lo preso, com flor e solto.
Confira o cabelo feito para uma prenda juvenil:


As jóias utilizadas devem ser de cores fracas e não podem ofuscar o brilho natural da prenda. Pérolas e brincos pequenos são permitidos. Maquiagem a mínima possível, sem cores fortes.
A indumentária feminina serve para dar graça e vida para prenda, mostrando a sua beleza.
A prenda Kelin Dutra, 14 anos demonstra no vídeo a indumentária e o cabelo de uma prenda juvenil:



O exemplo da Kelin é um demonstrativo de como uma prenda se organiza para uma apresentação ou concurso. O vídeo foi gravado antes da apresentação da invernada juvenil do Grupo de Folclore Fogo de Chão no dia 4 de junho de 2010.


Assim, a prenda está pronta para a apresentação, baile, debu, concursos, eventos enfim, qualquer ocasião. A indumentária gaúcha foi considerada Traje de Honra e foi divulgada no Diário Oficial em 11 de janeiro de 1989.

Coreografia de entrada


Dança Tradicional


Coreografia de entrada



domingo, 6 de junho de 2010

Conhecendo...

Aí vai gurizada algumas explicações sobre CTG, invernada e danças.
Um Centro de Tradições Gaúchas, popular CTG, é uma entidade que não tem fins lucrativos, visa resgatar a cultura e manter os costumes do povo gaúcho.
Existe no CTG o patrão que é o representante dos assuntos financeiros, campeiros, artísticos e culturas, seguido por toda uma diretoria. Na parte artística, as invernadas são estabelecidas pela idade do integrante e se dividem nas seguintes categorias:
Invernada Pré-mirim: até 9 anos
Invernada Mirim: até 12 anos
Invernada Juvenil: até 16 anos
Invernada Adulta: mínimo 15 anos
Invernada Xirú: mínimo 30 anos

Para concorrer em algum evento, a invernada deve ter no mínimo 6 pares e no máximo 16, podendo alternar os dançarinos nas danças.
Existem muitos concursos pelo Estado e o maior deles é o Encontro de Arte e Tradição, um evento que abrange mais de 40 grupos do Estado só na fase final realizado em Santa Cruz do Sul (em outra postagem contarei mais sobre o Enart).
A foto abaixo mostra a invernada mirim do Grupo de Folclore Fogo de Chão da cidade de Ijuí se apresentando em um concurso em Cruz Alta. Vejam na foto o detalhe do vestido das prendas, a postura dos dançarinos, a vestimenta dos peões, a ocupação do salão e o público que prestigia ( se algum detalhe for esquecido, peço que comentem)



Detalhes de uma apresentação:
Entrada e saída: coreografias devem estar relacionadas a cultura gaúcha. Possuem uma categoria específica para avaliação.
Danças Tradicionais: em um concurso, o grupo apresenta 3 danças de acordo com o regulamento do MTG. Atualmente o manual contém 25 danças tradicionais
O grupo tem 20 minutos para a apresentação contados a partir da entrada.
Os quesitos avaliados nas danças são a Correção Coreográfica ( 3 pontos), Harmonia de Conjunto ( 2 pontos) e Interpretação Artística (4 pontos), sendo que o número de jurados varia de acordo ao regulamento do concurso.
Instrumental é o responsável pela música, contendo ao mínimo uma gaita, voz e violão, podendo no máximo ter 8 componentes, são avaliados no quesito Grupo Musical (1 ponto).

A invernada juvenil do Grupo de Folclore Chaleira Preta de Ijuí apresenta a coreografia de entrada com o título 'Cantador de Campanha', onde eles exaltam o trabalho do peão campeiro na música de Luiz Marenco.
Essa coreografia retrata a cultura gaúcha e está de acordo com o regulamento.

Dúvidas, reclamações ou acréscimos, à vontade!

Apresentando o gurizadaon

O gurizadaon visa mostrar os jovens que participam do Movimento Tradicionalista Gaúcho, especificamente a gurizada que dança em ctg's, é peão ou prenda, dança chula, conta causo, toca gaita, faz trovas, declama, faz um chimarrão, vai em concursos, enfim, toda aquela atividade ligada ao nosso movimento gaúcho e vivenciada por nós, a gurizada.
Muitos conhecem e vivenciam a cultura gaúcha, visitaram um Cento de Tradições Gaúcha (CTG), usaram uma bombacha ou ao menos tomaram um gole do nosso chimarrão . Mas o que quero mostrar nesse blog são exemplos de jovens que deixaram festas, encontros, aulas, cursinhos e até mesmo a família de lado para dedicar-se a esse movimento e ao seu CTG.
Ao pouco da minha vivência tradicionalista que iniciei antes mesmo de nascer, vejo no gurizadaon uma forma de mostrar a cultura do nosso Estado, um panorama do que acontece em um CTG, de crianças e adolescentes que sentem orgulho em cultuar a tradição e principalmente compartilhar ideias e cultura online.
O conteúdo do blog, dentro do assunto, é livre e a opinião e indicação de uma matéria é muita bem quista.
É isso galera, espero que gostem, que leiam e que compartilhem comigo os ideais tradicionalistas!